Cifose

A coluna possui algumas curvas naturais e uma delas é chamada de cifose e ocorre na altura do tórax. Geralmente ela apresenta entre 30 e 45 graus. Mas quando há suspeitas de que a curvatura se tornou maior, recomenda-se uma consulta com um ortopedista especialista em coluna para investigar a situação.

Quando essa curva não recebe a devida atenção ela pode evoluir até o ponto em que provoca problemas cardiovasculares e respiratórios.

Ilustração de pessoa com cifose e pessoa com a espinha dorsal normal - Site Dr. Márcio Penna - ortopedista especialista em coluna

O que é cifose?

A cifose é uma curvatura na coluna presente em todos os seres humanos na região do tórax. Entretanto, quando a curva ultrapassa os 45 graus temos um caso de hipercifose. Quanto mais acentuado, mais visível é o problema, pois a pessoa começa a desenvolver uma espécie de corcunda.

Qual a diferença entre cifose e hipercifose?

Cifose é o nome dado à curvatura natural da coluna na região torácica. Geralmente, essa curvatura possui entre 20 e 40 graus, porém há casos em que ela se torna mais acentuada. Quando ocorre esse aumento, ela passa a ser chamada de hipercifose.

A curvatura excessiva cria uma corcunda e faz com que pescoço, cabeça e ombro se projetem para frente. O problema é mais visível quando a pessoa é observada de perfil.

A hipercifose é rara em recém-nascidos, mas ocorre com frequência em crianças e adolescentes. Quanto maior o grau, maiores se tornam as queixas dos pacientes. Embora o problema possa causar dor, o maior descontentamento costuma ser em relação à estética.

Quais os sintomas?

Em geral o problema não causa muitos sintomas, a não ser quando a hipercifose se torna bem acentuada. Nesses casos o paciente pode se queixar de dor na lombar e na região torácica. Também podem ocorrer encurtamentos musculares.

Entretanto, a principal queixa de quem sofre com hipercifose é o descontentamento estético.

Possíveis complicações da cifose

Quando a cifose acentuada não é tratada, ela pode continuar a evoluir, gerando uma série de complicações potencialmente perigosas:

-Limitações físicas: o problema é capaz de causar atrofia muscular e limitar os movimentos, mesmo aqueles considerados simples, como deitar e olhar para o alto;

-Problemas respiratórios: dependendo do grau de curvatura, a coluna pode começar a pressionar os pulmões, impedindo sua expansão adequada durante a respiração;

-Problemas digestivos: em alguns casos, a coluna passa a comprimir órgãos do sistema digestivo, levando a problemas como dificuldade de engolir e refluxo gastroesofágico;

-Problemas de autoestima: a hipercifose resulta em alterações na aparência, fazendo com que as costas fiquem arqueadas. Isso pode afetar de forma significativa a autoestima, sobretudo na fase da adolescência. Na terceira idade, o problema também pode causar isolamento social. 

Médica examinando um possível caso de cifose - Site Dr. Márcio Penna - ortopedista especialista em coluna de Belém - Pará

O que provoca a cifose?

Os motivos para que a cifose se transforme em uma hipercifose são diversos e envolvem questões posturais, doenças e outros processos.

Postural

É o tipo mais comum e ocorre sobretudo na pré-adolescência, fase em que há um crescimento rápido, o que faz com que muitos meninos desenvolvam um vício postural em uma tentativa de disfarçar o crescimento acentuado. As meninas também podem desenvolver problemas de postura para esconder o crescimento das mamas.

Doença de scheuermann

É uma doença que atinge a coluna vertebral e faz com que as vértebras fiquem em forma de cunha, o que cria uma curvatura na região torácica e contribui para uma hipercifose rígida.

As causas da doença ainda são desconhecidas, mas há teorias que apontam para a falta de vascularização durante o desenvolvimento das vértebras. Também há um fator genético associado e o problema é mais comum em meninos.

Outras causas importantes

A hipercifose também pode ocorrer por má formação das vértebras ainda na gestação, por doenças degenerativas como a osteoporose, após uma lesão na coluna e por doenças neuromusculares.

Como é feito o diagnóstico de cifose?

A primeira etapa do diagnóstico de cifose é um exame clínico minucioso, em que o médico especialista em coluna irá analisar o paciente de perfil, de costas e de frente. Ao detectar a hipercifose, o especialista pode recorrer a exames de imagem para obter mais detalhes sobre a condição.

Geralmente, são realizados exames de raio-x, que permitem visualizar a coluna vertebral com muitos detalhes e identificar o grau da curvatura, bem como a possível existência de outros problemas relacionados, como fraturas, lesões nos discos e articulações, luxações e até tumores.

Em algumas situações específicas, o médico de coluna pode solicitar uma radiografia computadorizada e uma ressonância magnética para fechar um diagnóstico definitivo e selecionar as melhores opções de tratamento.

É possível evitar a cifose?

O aumento da curvatura da cifose pode ser prevenido mediante a adoção de hábitos saudáveis relacionados à coluna vertebral, como:

-Manter uma postura correta, com a coluna sempre alinhada, para que as estruturas envolvidas sejam submetidas ao menor esforço possível;

-Alimentar-se de maneira saudável e incluir na dieta quantidades adequadas de cálcio, que ajuda a manter os ossos fortes e saudáveis;

-Ter cuidado ao erguer e carregar objetos. É importante abaixar-se dobrando os joelhos, e não a coluna. Além disso, é recomendável transportar o peso junto ao corpo, o que reduz a carga na coluna;

-Praticar exercícios físicos regularmente para fortalecer a musculatura da coluna e aumentar a estabilidade da região. Isso porque as atividades físicas ajudam a manter o peso equilibrado, evitando que o excesso de carga aumente a pressão sobre a coluna. Entretanto, é fundamental que os exercícios sejam orientados por um profissional;

-Evitar a automedicação e procurar orientação médica ao sentir dores e outros sintomas na coluna;

-Usar calçados confortáveis e com a altura adequada. Sapatos com saltos muito altos podem ser verdadeiros vilões da coluna, já que alteram o centro de gravidade do corpo e forçam as estruturas das costas;

-Evitar ficar por muito tempo na mesma posição. Durante o trabalho, faça pausas regulares e se alongue. Além disso, use cadeiras, mesas e monitores em uma posição que favoreça o alinhamento das costas. As telas devem ficar na altura dos olhos, para não ser necessário abaixar a cabeça. Já as cadeiras, devem permitir que a pessoa se apoie de maneira confortável, sem se inclinar para frente ou para trás;

-Evitar o consumo de tabaco e álcool, providência que também é fundamental para proteger as estruturas da coluna;

-Usar colchões e travesseiros de boa qualidade e fazer a troca regularmente.

Doutor examinando a criança - Site Dr. Márcio Penna - ortopedista especialista em coluna de Belém - Pará

É possível corrigir a cifose?

A cifose além do ângulo normal pode ser corrigida por tratamentos clínicos e cirúrgicos.

Tratamento clínico

O tratamento clínico inclui medidas conservadoras e é indicado quando a curvatura não é tão acentuada e principalmente quando a causa é postural, pois neste caso a coluna não está rígida e pode voltar à sua posição normal com certa facilidade.

Para isso, são usados exercícios de correção postural, fortalecimento da musculatura e prática regular de atividades físicas. Pacientes que ainda estão em fase de crescimento podem ter que usar coletes ortopédicos, impedindo, assim, que a curvatura da coluna se acentue.

Exercícios físicos

Em casos mais leves de desvio, a melhora obtida com a prática de exercícios físicos é significativa. O fortalecimento da musculatura pode evitar que a curvatura aumente, além de reduzir a dor nas costas. Os especialistas podem sugerir algumas atividades específicas para quem sofre com esse tipo de problema:

Exercícios de musculação em aparelhos como o “voador” ajudam a corrigir a coluna e a fortalecer a musculatura do peito;

Abdominais também são importantes para melhorar a postura;

Exercícios que trabalham os músculos das costas devem ser implementados. Algumas opções são: natação, remo e hidroginástica. Além de melhorar o condicionamento físico e fortalecer os músculos, esses exercícios ajudam a levar os ombros para trás.

Colete ortopédico

Os coletes ortopédicos são recomendados em alguns casos específicos, pois estabilizam a coluna, evitando que o quadro piore. O modelo a ser utilizado deve ser indicado pelo médico-cirurgião de coluna, pois o tipo inadequado de colete pode ser prejudicial à saúde.

O paciente deve evitar, por exemplo, os coletes com um tecido elástico, livremente comercializados em lojas de moda íntima. Esses produtos fazem pressão na coluna e dão a impressão de que a postura foi corrigida de maneira instantânea. Entretanto, não há uma correção da posição da cabeça e nem da curvatura lombar, o que pode fazer com que o quadro piore e o paciente sinta dores.

Fisioterapia para cifose

A fisioterapia é um dos tratamentos imprescindíveis para os casos de cifose. Durante as sessões, são realizados exercícios direcionados, que visam corrigir a postura do paciente, fortalecer a musculatura e reduzir a curvatura pouco a pouco.

O fisioterapeuta também deve orientar o paciente sobre a postura correta no dia a dia, seja durante o trabalho, descanso ou em suas atividades de lazer.

De forma geral, a fisioterapia é recomendada para os casos moderados, e o tempo para notar os resultados varia conforme o número de sessões e a dedicação do paciente para colocar em prática tudo o que for ensinado durante o atendimento.

Tratamento cirúrgico

O tratamento cirúrgico para cifose é indicado quando a curva é muito acentuada, acima de 75-80 graus e não houve sucesso com as opções conservadoras, ou quando a coluna está mais rígida devido à doença de Scheuermann. Durante a cirurgia na coluna são inseridos parafusos e hastes que permitem movimentar a região e corrigir a curvatura o máximo possível. Para manter os resultados, as vértebras afetadas são fundidas com o uso de enxertos ósseos. Essa técnica de fusão das vértebras é conhecida como artrodese.

Os equipamentos utilizados permitem que o médico cirurgião de coluna faça incisões mínimas e também reduz os riscos. O procedimento dura de 3 a 5 horas e o paciente deve ficar de 2 a 4 dias internado em observação. Após a alta, a região leva de 10 a 14 dias para cicatrizar e após um período de reabilitação fisioterápica a pessoa pode retornar às suas atividades rotineiras. Mas exercícios físicos intensos e esportes só são permitidos após A consolidação da artrodese, o que leva de 6 a 9 meses.

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